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Especialista do Grupo Vidas Saúde responde perguntas frequentes sobre cuidados paliativos

Entenda os benefícios, mitos e verdades sobre a medicina paliativa

Ano 10 | N° 101 | Outubro 2023
 
O Grupo Vidas Saúde dedica-se intensamente desde 2020 na elaboração do Manual do Programa PaliVidas, o qual busca implementar a medicina paliativa no setor de atenção domiciliar através da metodologia internacional NewPalex.

Em julho de 2023, o Programa destacou-se e recebeu a recertificação internacional de cuidados paliativos concedida pela organização espanhola sem fins lucrativos New Health Foundation (NHF), sendo reconhecido como referência mundial em Cuidados Paliativos na Atenção Domiciliar.
Para responder as principais perguntas sobre a medicina paliativa e o Programa PaliVidas, o Grupo Vidas Saúde convidou a Doutora Raquel Horta,Coordenadora Médica do Programa em Belo Horizonte. 

Atualmente, a  Dra. Raquel tem como principal função apoiar os médicos visitadores nas decisões e condutas médicas, criação de protocolos e acompanhamento de indicadores. 

Além de prestar assistência aos pacientes do Programa, sendo responsável por determinadas visitas e planos de cuidados. 

Grupo Vidas Saúde: O que são cuidados paliativos e como eles diferem de outros tipos de tratamento médico?
Dra. Raquel: O termo paliar vem do latim pallium, uma espécie de manto de proteção utilizado por cavaleiros para se proteger da tempestade. Dessa forma, o Cuidado Paliativo é o conjunto de práticas de assistências em saúde, realizado por uma equipe de saúde interdisciplinar com objetivo de garantir qualidade de vida, controle de sintomas e dignidade ao paciente com doenças ameaçadoras da vida. 

Grupo Vidas Saúde: Como o Programa PaliVidas implementa o cuidado no Grupo Vidas Saúde? 
Dra. Raquel: A atenção domiciliar pode estar presente na linha de cuidados de pacientes para reabilitação, intervenção específica e também dos pacientes crônicos com condições ameaçadoras da vida. Com o PaliVidas, o Grupo Vidas Saúde disponibiliza um cuidado especializado para esse perfil de pacientes. 

Grupo Vidas Saúde: Quem são os profissionais de saúde que fazem parte de uma equipe de cuidados paliativos?
Dra. Raquel: A equipe em cuidados paliativos é interdisciplinar e depende das demandas de cada paciente, pode ser formada por profissionais da medicina, enfermagem, psicologia, serviço social, fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição, capelania, odontologia, entre outros. 

Grupo Vidas Saúde: Quando é apropriado iniciar a medicina paliativa? 
Dra. Raquel: O cuidado paliativo é indicado para todo paciente que tenha o diagnóstico de doença grave, progressiva e que ameaça a continuidade da vida. O ideal é que o acompanhamento comece desde o diagnóstico, com objetivo de organizar o plano de cuidados e apoiar no controle de sintomas, mesmo que a doença ainda não esteja na fase avançada. 

Grupo Vidas Saúde:  Quais são os principais objetivos dos cuidados?
Dra. Raquel: Os objetivos dos cuidados paliativos são a promoção de qualidade de vida do paciente e de seus cuidadores através da prevenção e alívio de sofrimento, além da identificação precoce de situações que são passíveis de tratamento. O sofrimento pode ser da dimensão física, emocional, social, espiritual e familiar. 

Grupo Vidas Saúde: No Programa PaliVidas, o que é um plano de cuidados paliativos e por que é importante? 
Dra. Raquel: O plano de cuidados é um plano de orientações feito para o paciente e com o paciente, a estratégia engloba os cuidados que o paciente irá receber, tanto em relação aos profissionais, quanto aos medicamentos e complexidades de intervenções médicas. Ele é realizado de acordo com os diagnósticos médicos, momento da doença e valores do paciente, sempre visando a proporcionalidade terapêutica. 

Grupo Vidas Saúde: Cuidados paliativos significam desistir da cura?
Dra. Raquel: Ainda é muito comum a associação entre cuidados paliativos para paciente que não respondem mais aos cuidados curativos. Na verdade, os cuidados paliativos estão indicados para pacientes diagnosticados com doenças ameaçadoras de vida quando são identificadas e diagnosticadas, de acordo com os estudos pacientes com acompanhamento de cuidados paliativos tendem a ter maior qualidade de vida e sobrevida. Sendo assim, é possível o paciente ser acompanhado por uma equipe de cuidados paliativos e ainda receber tratamento modificador de doenças. 

Grupo Vidas Saúde: Como os cuidados paliativos podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes? 
Dra. Raquel: De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), qualidade de vida é “a percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”, e o cuidado paliativo busca exatamente observar os valores de cada paciente para garantir proporcionalidade terapêutica. Além disso, busca reduzir sofrimentos que doenças que ameaçam a vida podem gerar nas diferentes esferas física, emocional, social, espiritual e familiar.

Grupo Vidas Saúde: Como a dor é gerenciada?
Dra. Raquel: A dor é um sintoma que pode aparecer em vários contextos, por isso, o primeiro passo é a investigação de qual esfera de sofrimento é a sua origem e também quais atinge. Nos cuidados paliativos, o tratamento é sempre interdisciplinar e todos os profissionais atuam tanto na percepção do descontrole e do controle. 

Grupo Vidas Saúde: Quais são os benefícios da medicina paliativa no fim da vida?
Dra. Raquel: O fim da vida pode gerar variados sofrimentos nas diferentes esferas. O profissional de cuidados paliativos é especializado para atuar no controle de sintomas de modo a respeitar os valores do paciente. Assim, o objetivo do cuidado é fornecer o maior controle para reduzir os sofrimentos que são comuns nesse momento da vida. 

Grupo Vidas Saúde: Como a espiritualidade e a religião se encaixam nos cuidados?
Dra. Raquel: Conviver com uma doença que ameaça a vida pode gerar sofrimento em várias esferas, inclusive espirituais. Por isso, a abordagem da espiritualidade faz parte do cuidado paliativo. A religião é uma das formas de expressar a espiritualidade, mas, não a única. 

Grupo Vidas Saúde: Quais são os cuidados pediátricos e como eles diferem da atenção para os adultos?
Dra. Raquel: As crianças também podem apresentar doenças ameaçadoras de vida e sintomas associados a essas condições e ao sofrimento por elas gerados. Sendo assim, os objetivos são os mesmos do cuidado paliativos dos adultos. 

Grupo Vidas Saúde: O que é a diretiva antecipada de vontade e por que é importante discuti-la nos cuidados paliativos?
Dra. Raquel: A Diretiva Antecipada de Vontade diz respeito à manifestação de vontade de forma antecipada em relação aos cuidados e tratamentos para momentos em que a pessoa está incapacitada de se manifestar. Sendo assim, é uma forma do paciente registrar seus valores e como quer ser cuidado com o avanço da doença. Entender isso faz parte da construção do plano de cuidados. 

Grupo Vidas Saúde: Quais são os recursos disponíveis no Programa PaliVidas para famílias que cuidam de pacientes em cuidados paliativos?
Dra. Raquel: A equipe do cuidado paliativo do PaliVidas é interdisciplinar, todo paciente do Programa recebe a equipe básica (médico, enfermeiro, psicólogo, serviço social e capelão) que avaliam a necessidade dos demais profissionais (fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição, por exemplo). Os pacientes e seus cuidadores recebem visitas programadas para atuar no controle das comorbidades e controle de sintomas. Além disso, está disponível atendimento de urgência 24 horas por dia, sempre apoiado pela equipe assistente. A equipe assistente acompanha toda a trajetória em saúde do paciente, ou seja, na prevenção de sintomas, nas urgências, nas hospitalizações (quando necessário), na terminalidade e no luto dos cuidadores. 

Grupo Vidas Saúde: Como as operadoras de saúde podem melhorar o acesso aos cuidados paliativos para seus segurados?
Dra. Raquel: Uma das maneiras de aumentar o acesso dos pacientes ao cuidado paliativo é realizar o estudo da carteira, buscando ativamente os pacientes que possuem perfil para atendimento em cuidados paliativos. Assim, quando identificados podem ser conduzidos a programas de cuidado paliativo, seja domiciliar ou ambulatorial, a depender do estágio da doença. Outra maneira é realizar treinamentos em cuidados paliativos das equipes da ponta da assistência que atuam no diagnóstico de doenças ameaçadoras da vida para que no momento do diagnóstico o cuidado paliativo já seja indicado e iniciado.