Em casa
Entenda a importância do gerenciamento de transições de cuidado
Gerente Operacional do Grupo Vidas Saúde em Belo Horizonte explica o processo de desospitalização

Entenda a importância do gerenciamento de transições de cuidado
Gerente Operacional do Grupo Vidas Saúde em Belo Horizonte explica o processo de desospitalização
A transição do cuidado hospitalar para o domiciliar é um momento fundamental da atenção domiciliar para a saúde do paciente. Com o objetivo de destacar a importância desse processo, o Grupo Vidas Saúde convidou Amanda Terumi Nakazone de Oliveira, Gerente Operacional do Grupo em Belo Horizonte, para responder algumas dúvidas sobre o processo de desospitalização.
Amanda atua na área de atenção domiciliar desde 2009, e no Grupo Vidas Saúde desde 2012. Em sua função, ela é responsável por planejar, organizar e controlar os recursos da organização para atingir os objetivos estratégicos. Além disso, sua atuação inclui analisar o progresso do trabalho em diversas categorias, promover reuniões com colaboradores, fornecedores, prestadores de serviços e clientes, manter relacionamentos com Operadoras de Saúde e representar a empresa diante de órgãos regulatórios como a Vigilância Sanitária e o COREN.
Nesta entrevista, Amanda compartilhará sua expertise sobre o gerenciamento nas transições do cuidado, oferecendo informações para profissionais, familiares e gestores do setor de saúde:
Grupo Vidas Saúde: Qual o objetivo da transição de cuidados hospitalares para domiciliares?
Amanda Terumi Nakazone de Oliveira: Tem como objetivo melhorar os desfechos em saúde através da assistência contínua, segura e individualizada. Para isso, utiliza-se de um instrumento/formulário com compartilhamento de informações da situação de saúde atual, histórico, avaliação/intercorrências e recomendações entre as equipes.
G: Quais são os critérios utilizados para determinar a elegibilidade de um paciente para a desospitalização?
A: Esses critérios são importantes para garantir a segurança do paciente no domicílio: Estabilidade clínica, cuidador apto em tempo integral, domicílio livre de riscos e impedimento para deslocar-se até a rede credenciada.
G: Como o Grupo Vidas Saúde realiza esse processo? Existem protocolos?
A: Este processo inicia-se com a captação, que envolve a avaliação clínica e socioambiental do paciente, o preenchimento da ficha de avaliação de risco e a aplicação da ferramenta NEAD. Através do processo de captação, é possível verificar se o paciente preenche todos os critérios de elegibilidade, permitindo assim a definição do plano de cuidados. Esse plano envolve a análise de insumos e recursos humanos, bem como a determinação da frequência e duração do atendimento domiciliar. Nosso protocolo de implantação compreende: avaliação inicial com abordagem do paciente e seus familiares, elaboração e validação do plano de cuidados, reunião/orientações e educação do paciente e familiares, validação da residência, reconciliação medicamentosa, monitoramento da desospitalização (utilizando um formulário de transição de cuidados), checklist de visita de implantação, aplicação do termo de consentimento e monitoramento pós-implantação.
G: Como a tecnologia tem sido empregada para apoiar a desospitalização e os cuidados domiciliares?
A: O prontuário eletrônico agiliza o compartilhamento de informações do paciente durante a internação hospitalar e a previsão de alta com o Home Care. A utilização do celular como ferramenta, com sistema do Home Care integrado, agiliza o compartilhamento das informações coletadas durante o processo de captação. O mesmo acontece para o gerenciamento do caso dos pacientes assistidos. Além dessas ferramentas, podemos destacar a utilização do Power Business Intelligence (BI), que nos possibilita mensurar, acompanhar e traçar ações de melhoria. Com o uso do BI, conseguimos acompanhar o tempo de implantação, alta, utilização de Antibioticoterapia (ATB), óbitos domiciliares e hospitalares, rentabilidade, entre outros.
G: Quais são ou podem ser os principais desafios enfrentados durante a desospitalização?
A: Muitos desafios se apresentam, dentre eles podemos destacar: dificuldade de integração entre a equipe hospitalar e a equipe domiciliar, falta de estrutura do domicílio, situação socioeconômica e psicossocial da família e paciente, ausência de cuidador apto e objeções da família.
G: A educação do paciente e da família pode contribuir para uma transição mais eficiente e segura dos cuidados hospitalares para domiciliares?
A: A educação em saúde do paciente e de seus familiares é importante no processo de cuidado, promovendo a recuperação e auxiliando na tomada de decisões. O treinamento do cuidador é fundamental, centrado no paciente, facilitando a comunicação e a compreensão das necessidades específicas dos pacientes.
G: Quais são as principais orientações?
A: Durante esse treinamento, são abordados diversos aspectos, incluindo a criação de um ambiente seguro para prevenir quedas, a organização e limpeza do espaço, a apresentação dos materiais, medicamentos e dietas necessários, a rotina de desinfecção de materiais e equipamentos, além da importância da higienização das mãos e da higiene oral, incluindo a limpeza de próteses dentárias. Também são ensinadas técnicas de administração de medicamentos, preparo de dietas, estímulo de atividades de lazer, cuidados com dispositivos médicos, prevenção de lesões e revisão dos contatos de emergência, entre outros aspectos essenciais.
G: Após a desospitalização planejada, quais são os primeiros passos da equipe do Grupo Vidas Saúde?
A: Implantação de equipamentos, mobiliários e visitas médica e de enfermagem de implantação.
G: Como a avaliação regular do paciente após a alta hospitalar pode contribuir para a identificação precoce de problemas e a prevenção de readmissões desnecessárias?
A: Atuamos coordenando o cuidado por meio do envolvimento e discussão clínica com todos os membros da equipe multidisciplinar. Nosso foco está na capacitação da equipe domiciliar para resolver as demandas clínicas e psicossociais do paciente. Isso nos permite fornecer um plano de cuidados individualizado, com controle de doenças, prevenção de agravos, redução de hospitalizações e, consequentemente, melhoria na qualidade de vida.
Conheça o caminho do atendimento primário aos cuidados paliativos
Descubra como o programa PaliVidas transforma a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias
O Grupo Vidas Saúde busca oferecer um cuidado especializado e personalizado, de modo a contemplar os principais aspectos da vida de um paciente. Para isso, conta com programas baseados em evidências científicas e profissionais qualificados.
A Dra. Raquel Horta, Coordenadora Médica do Programa PaliVidas em Belo Horizonte, explica que os pacientes podem ser acompanhados desde o início do tratamento. Um exemplo é a paciente CMS** , uma mulher com 95 anos, que foi admitida no Programa de Atenção Primária à Saúde Domiciliar em janeiro de 2023.
Apesar da idade, a paciente apresentava independência funcional, lucidez, caminhada (deambulação) livre e era portadora de Hipertensão arterial. A função do Programa no início do atendimento era a prevenção de agravos relacionados à idade. CMS manteve-se estável até dezembro de 2023, quando precisou de hospitalização para tratamento assistido de infecção urinária, devido ao perfil de gravidade e possibilidade de resolução total do quadro.
A hospitalização em idade avançada pode servir como um alerta ou indicador precoce para a síndrome da fragilidade do idoso, o que intensifica sintomas e demandas com grande potencial para prejudicar a qualidade de vida do paciente e seus familiares.
A Dra. Raquel relata que após a última hospitalização, a paciente retornou com maior dependência, menor comunicação e necessitando de sondagem, fatores principais para alterar o plano de cuidado: “Durante o monitoramento de alta hospitalar, percebemos uma fragilização importante da paciente e também a sobrecarga de cuidados das filhas idosas. Diante do quadro, solicitamos transição para os cuidados paliativos em 23 de dezembro de 2023”.
Em 28 de dezembro de 2023, a paciente foi admitida no Programa PaliVidas com sinais claros de síndrome de fragilidade.
Ao longo do acompanhamento foi possível construir um plano terapêutico que respeitava os valores, costumes e individualidades da paciente e seus familiares com um bom controle de sintomas e o apoio da equipe multidisciplinar.
Dona CMS nasceu em Pará de Minas e passou a morar em Belo Horizonte aos 9 anos de idade junto da família que era formada por seus pais e 17 irmãos. Casou com Avelino aos 22 anos e teve 4 filhos. Ficou viúva em 1983, sempre cuidou da casa, da família e era católica. Atualmente, morava com as duas Marias que não se casaram e não tiveram filhos. Não teve a oportunidade de estudar, mas adorava cuidar das plantas, da galinha e amava cozinhar para a família.
A marca registrada dessa família era generosidade e carinho, tanto entre eles quanto com a equipe do Grupo Vidas Saúde.
Com o avanço do quadro de fragilidade, é possível entender clinicamente que o paciente deixa de ter reservas para conseguir responder a intercorrências que podem ser simples para adultos saudáveis, a Dra. Raquel esclarece que, nesses casos, os procedimentos invasivos não oferecem benefícios e podem gerar mais sofrimento para o paciente e seus familiares: “Os filhos nos contaram que a Dona CMS sempre foi caseira e, se pudesse escolher, gostaria de ser cuidada em casa nos últimos dias. Após uma intercorrência de vômitos, a paciente foi atendida pela nossa equipe Atendimento Pré-Hospitalar (APH) e estabilizada. No entanto, diante do contexto, foi iniciada a internação domiciliar para melhor controle dos sintomas”.
A médica conta que em junho de 2024, a paciente iniciou sinais de finitude e os cuidados e acolhimento aos familiares foram mantidos, incluindo apoio na resolução de questões burocráticas. No dia 09 de junho de 2024, após receber a extrema unção do padre da sua paróquia, a paciente CMS faleceu na companhia de seus familiares, com sintomas controlados e sem sofrimento.
Os familiares da paciente seguem acompanhados no processo de luto.
**Nome fictício para preservar a identidade da paciente
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