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Entenda o caminho do atendimento primário aos cuidados paliativos

Descubra como o programa PaliVidas transforma a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias

Ano 10 | N° 109 | Junho 2024
 
O Grupo Vidas Saúde busca oferecer um cuidado especializado e personalizado, de modo a contemplar os principais aspectos da vida de um paciente. Para isso, conta com programas baseados em evidências científicas e profissionais qualificados. 
A Dra. Raquel Horta, Coordenadora Médica do Programa PaliVidas em Belo Horizonte, explica que os pacientes podem ser acompanhados desde o início do tratamento. Um exemplo é a paciente CMS** , uma mulher com 95 anos, que foi admitida no Programa de Atenção Primária à Saúde Domiciliar em janeiro de 2023. 
Apesar da idade, a paciente apresentava independência funcional, lucidez, caminhada (deambulação) livre e era portadora de Hipertensão arterial.
A função do Programa no início do atendimento era a prevenção de agravos relacionados à idade. CMS manteve-se estável até dezembro de 2023, quando precisou de hospitalização para tratamento assistido de infecção urinária, devido ao perfil de gravidade e possibilidade de resolução total do quadro. 
A hospitalização em idade avançada pode servir como um alerta ou indicador precoce para a síndrome da fragilidade do idoso, o que intensifica sintomas e demandas com grande potencial para prejudicar a qualidade de vida do paciente e seus familiares.

A Dra. Raquel relata que após a última hospitalização, a paciente retornou com maior dependência, menor comunicação e necessitando de sondagem, fatores principais para alterar o plano de cuidado: “Durante o monitoramento de alta hospitalar, percebemos uma fragilização importante da paciente e também a sobrecarga de cuidados das filhas idosas. Diante do quadro, solicitamos transição para os cuidados paliativos em 23 de dezembro de 2023”. 

Em 28 de dezembro de 2023, a paciente foi admitida no Programa PaliVidas com sinais claros de síndrome de fragilidade. 
Ao longo do acompanhamento foi possível construir um plano terapêutico que respeitava os valores, costumes e individualidades da paciente e seus familiares com um bom controle de sintomas e o apoio da equipe multidisciplinar. 

Dona CMS nasceu em Pará de Minas e passou a morar em Belo Horizonte aos 9 anos de idade junto da família que era formada por seus pais e 17 irmãos. Casou com Avelino aos 22 anos e teve 4 filhos. Ficou viúva em 1983, sempre cuidou da casa, da família e era católica. Atualmente, morava com as duas Marias que não se casaram e não tiveram filhos. Não teve a oportunidade de estudar, mas adorava cuidar das plantas, da galinha e amava cozinhar para a família. 

A marca registrada dessa família era generosidade e carinho, tanto entre eles quanto com a equipe do Grupo Vidas Saúde. 


Com o avanço do quadro de fragilidade, é possível entender clinicamente que o paciente deixa de ter reservas para conseguir responder a intercorrências que podem ser simples para adultos saudáveis, a Dra. Raquel esclarece que, nesses casos, os procedimentos invasivos não oferecem benefícios e podem gerar mais sofrimento para o paciente e seus familiares: “Os filhos nos contaram que a Dona CMS sempre foi caseira e, se pudesse escolher, gostaria de ser cuidada em casa nos últimos dias. Após uma intercorrência de vômitos, a paciente foi atendida pela nossa equipe Atendimento Pré-Hospitalar (APH) e estabilizada. No entanto, diante do contexto, foi iniciada a internação domiciliar para melhor controle dos sintomas”.

A médica conta que em junho de 2024, a paciente iniciou sinais de finitude e os cuidados e acolhimento aos familiares foram mantidos, incluindo apoio na resolução de questões burocráticas. No dia 09 de junho de 2024, após receber a extrema unção do padre da sua paróquia, a paciente CMS faleceu na companhia de seus familiares, com sintomas controlados e sem sofrimento. 
Os familiares da paciente seguem acompanhados no processo de luto.